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04/05/2011 - Mil e uma utilidades

Pesquisador da USP cria sistema brasileiro que transforma um smartphone em controle remoto da tevê digital. Modelo é mais avançado do que os poucos já existentes, pois permite a utilização por meio de movimentos do corpo ou por comandos de voz
Smartphones já se transformaram em verdadeiras estações de trabalho. Além de tarefas banais — como fazer chamadas, enviar e-mails, acessar a internet e jogar games — esses celulares oferecem cada vez mais recursos. O controle de um aparelho de televisão não podia ficar de fora, especialmente quando se trata da tevê digital e suas promessas de interatividade. Foi isso que inspirou o pesquisador José Augusto Martins Júnior, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP). Ele desenvolveu um software que consegue controlar o televisor a partir do iPhone, de três formas: por meio de cliques na tela, de movimentos do corpo ou de comandos de voz.

Essa é a primeira vez que um smartphone ganha a função em três interfaces. Existem aplicações comerciais semelhantes, mas elas são limitadas, porque obrigam o usuário a olhar para a tela do telefone sempre que quiser mudar de canal. “O problema é que o celular não oferece o retorno tátil. Em um controle remoto comum, a pessoa consegue perceber onde estão os botões pelo formato e, até mesmo, pelos sinais para pessoas com deficiência visual”, comenta Martins. Assim, além de criar o aplicativo tradicional, o pesquisador quis ampliar as possibilidades do smartphone.

Para isso, estudou o comando de voz. Os testes foram realizados com um software que reconhece apenas palavras em inglês, uma vez que programas de reconhecimento ainda são escassos em português. “Nós usamos apenas orientações como ‘canal 1’, ‘canal 2’, ‘canal 3’. Mas nada impede que, no futuro, o controle possa ser dado a partir do nome da emissora, por exemplo”, esclarece Martins Júnior. As possibilidades do smartphone vão ainda mais além: o usuário pode definir comandos para seus favoritos. “Posso ter as minhas preferências cadastradas no aplicativo, guardar todas as minhas configurações, como horários dos programas favoritos”, sugere. “Imagine chegar à casa da avó e ter isso tudo pronto no seu celular?”

Outra parte da pesquisa incluiu o envio de comandos através de gestos. Smartphones modernos possuem um dispositivo conhecido como acelerômetro, que mede a velocidade da aceleração do movimento em três eixos —para cima e para baixo; para os lados; e para trás e para frente. Esse recurso é muito utilizado em games, para dar mais agilidade na reprodução dos movimentos dos avatares. Martins Júnior, então, aproveitou a ferramenta para “ensinar” o telefone os gestos básicos para mudança de canal e de volume. “Usamos um algoritmo que compara o movimento do usuário a vários cadastrados em um banco de dados”, explica o pesquisador.

Esse banco de dados foi alinhado às orientações do Ginga, o programa que roda o padrão nipobrasileiro de TV digital. O Ginga prevê uma série de funções básicas para a nova televisão, todas aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Nossos experimentos usaram gestos simples, mas as pessoas podem cadastrar qualquer tipo de movimento no aplicativo”, lembra o pesquisador da USP. Valem, até mesmo, coisas esdrúxulas, como girar o telefone e pará-lo acima da cabeça só para aumentar o volume.

Nessa interface, Martins Júnior precisou incluir outra funcionalidade. Como o acelerômetro continua a captar movimentos mesmo quando não utilizado, ele acaba consumindo a bateria do telefone — cerca de 10% por hora. A solução foi incluir um botão grande, e facilmente visível, na tela touchscreen para acionar o acelerômetro. O botão, claro, é opcional. Por enquanto, Martins não se preocupou com outros aspectos das três interfaces. “Ainda não trabalhamos a questão da acessibilidade, por exemplo, mas queremos testar novas abordagens, inclusive, com pessoas com dificuldades de locomoção”, avisa.

Ampliando as redes
 

Grande parte do trabalho do pesquisador foi direcionado à criação de códigos que permitem o envio de comandos pela rede wi-fi. Controles remotos comuns funcionam via sinal infravermelho. Só que os set-top boxes da tevê digital não têm essa característica, operam através da rede sem fio. Basicamente, o trabalho de Martins foi traduzir do software do smartphone para o Ginga, que opera nos conversores da TV digital brasileira. Isso faz com que a pesquisa da USP vá além da criação do controle via celular. Agora, o middleware do padrão brasileiro pode também receber dados, como fotografias e vídeos.

“Todo software precisa mudar ao longo do tempo. Como se trata de algo com interação constante com o usuário, é preciso sempre adicionar funções, coisas que não foram planejadas”, destaca Antenor Corrêa, da Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A pesquisa de Martins Júnior foi inserida em um dos projetos do ministério, o GingaFrevo & GingaRAP. “No Frevo, nós procuramos estudar a adaptação do Ginga a novos ambientes, novas mídias”, comenta Correia. O projeto já terminou, mas outros seguem no MCT com a meta de popularizar o middleware brasileiro. O padrão de TV daqui é utilizado também no Japão, no Chile, no Peru e na Argentina.

Ouvidos apurados

Basicamente, um sistema de reconhecimento de voz usa os chamados modelos acústicos, uma espécie de banco de dados gigante com as vozes de várias pessoas pronunciando diferentes frases. A grande dificuldade dos pesquisadores dessa área são os sotaques. O ouvido humano consegue entender que um “porquê” mineiro e um “porquê” paulista são a mesma coisa, mas o computador ainda não.

Um viva à brasilidade

O Ginga é um software que permite a interação na tevê digital. Recebe o nome de middleware porque faz o meio de campo entre o programa e diversas aplicações. Cada padrão de TV digital tem o seu middleware, e as mudanças dizem respeito aos códigos utilizados. O Ginga, por exemplo, usa três tipos de linguagem de programação, enquanto o middleware europeu, batizado de MHP, usa apenas um.

Fonte: Correio Braziliense.

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