Um amigo me contou que perguntaram para a filha dele de sete anos se ela já "usava a internet". Ela respondeu: "Não uso internet, só Facebook". Na cabeça dela, Facebook e internet eram coisas diferentes. Pode parecer uma visão infantil, mas, na verdade, é uma boa sacada sobre o que está acontecendo.
Cada vez mais gente gasta seu tempo em apenas alguns sites ou serviços. Faça um teste: quantos sites você acessa por dia? E quanto tempo fica em cada um deles? Para muitos, o resultado vai ser uma vida online reduzida a Facebook ou Twitter, YouTube e Orkut, ou serviços como MSN e Skype. As visitas a outros lugares acabam sendo rápidas e rasteiras. No máximo, você lê alguma coisa interessante e sai correndo de volta para comentar no Twitter ou compartilhar o link em alguma rede social.
Sabendo disso, algumas operadoras de celular passaram a oferecer acesso livre apenas para sites mais populares. Para o restante da rede, é preciso pagar.
A estratégia é polêmica. Há quem pense que isso aponta para o fim da neutralidade da rede. Em vez de existir uma internet única com diversidade e múltiplas aplicações, surgiriam várias "internets", cada uma com características fechadas, em que só algumas aplicações funcionam.
A reação a isso tem vindo na forma de legislação. O Chile, por exemplo, adotou uma lei para proteger a neutralidade da rede, tornando-se o primeiro país da América Latina a ter uma regulamentação a respeito. Nos EUA, a FCC (Comissão Federal de Comunicações) fez a mesma coisa: baixou uma série de regras para proteger a neutralidade. Obviamente, as empresas que oferecem serviços de acesso não ficaram nada felizes com as medidas.
Essa é uma das batalhas mais importantes desta década que se inicia. E vem chumbo grosso por aí. O resultado vai mudar o que hoje chamamos de "internet".
Fonte - FolhaTeen |