Na última sexta-feira, dia 28/4, os trabalhadores de TI aderiram à greve geral convocada pelas centrais sindicais e apoiada pelo SINDPD-DF.
Na opinião do diretor do sindicato, João Batista Barros, a greve geral vai ser um balizador para que o governo possa abrir espaço para as negociações. “O enfrentamento está sendo difícil. Temos que fazer o nosso papel de esclarecer o trabalhador e sinalizar os pontos críticos, pois se essas reformas forem aprovadas como estão será complicado reverter. A luta contra as reformas não tem partido. É uma luta legítima da sociedade”, analisou.
O diretor analisou que muito trabalhadores não foram trabalhar, mas não aderiram ao piquete em frente ao Serpro e a Dataprev. Outros denunciaram ao sindicato que estavam sofrendo assédio e pressão para trabalhar e, amedrontados, permaneceram nas empresas.
Antônia Maria Pontes F. de Oliveira, diretora de Assuntos Jurídicos do SINDPD-DF, destacou que o conjunto de reformas encaminhados pelo governo retiram direitos trabalhistas históricos. “Fico decepcionada como o país chegou nesta situação. O trabalhador tem que parar, temos que mostrar nossa força, com garra e união, pois a hora é agora, não podemos esperar. Chega de tanta retirada dos nossos direitos. Estão rasgando a CLT, uma luta de muitos anos. Está todo mundo revoltado porque o nosso país está sendo destruído. Não podemos ficar do lado do patrão, temos que lutar para que os direitos não vão ralo abaixo. Esta Reforma da Previdência é realmente um absurdo. A hora é agora, parar, parar mesmo e mostrar que unidos somos fortes”, alertou.
Segundo Moisés Pereira, funcionário do Serpro há 32 anos, toda greve e mobilização são válidas. “O governo está desmontando a nossa empresa, estão assediando o trabalhador dizendo ‘dê graças à Deus ter o que tem porque podia estar demitido’. E o ônus irá cair também nas costas desses trabalhadores que não pararam nesta sexta. O governo está fazendo as reformas sem o mínimo de respeito com o trabalhador, estão passando o trator por cima da gente. E tem muitos funcionários calados, atrás dos seus birôs e máquinas pensando que vão garantir emprego. Imagina o Serpro hoje terceirizar áreas primordiais, como a de desenvolvimento que é o grande carro-chefe. Tem que ser agora a mobilização, senão será tarde demais. E hoje está tudo parado nos Ministérios e tem gente trabalhando no Serpro. Não vai resolver, não vai garantir emprego de ninguém. Já vi muita coisa ruim nesta empresa, mas igual a situação atual, não”, criticou.
No ato em frente à Dataprev, o diretor de Relações Sindicais, Claudinei Pimentel, disse que muitos trabalhadores não foram trabalhar, mas também afirmou que a adesão poderia ter sido maior. “Infelizmente tem muito trabalhador que ainda não está acreditando que as reformas que estão sendo votadas no Congresso vão prejudicá-los, além das gerações futuras. A greve de hoje vem para alertar aqueles que ainda estão achando que nada está acontecendo. A Reforma Trabalhista vem com um nome bonito de ‘flexibilizar a legislação trabalhista, mas ela vem na verdade para rasgar a CLT’, uma série de medidas que irão prejudicar o trabalhador, então a ficha tem que cair. O movimento não é partidário e nem político. É em defesa dos direitos da classe trabalhadora”, reforçou.
Luís Roberto Vieira, que completou 38 anos dedicados à Dataprev, disse que o dia 28 de abril era um dia histórico para a manutenção das conquistas dos trabalhadores, mas era também um dia pelo país. “O Brasil vivencia um completo desgoverno e toda a sociedade organizada precisa mostrar sua força para evitar que o país entre no caos absoluto. Em todas essas reformas, o que menos o governo está pensando é no trabalhador. É um pacote de maldades”, opinou.
O diretor Claudinei ainda afirmou que a ameaça de cortar os quatro dias (Descanso Semanal Remunerado – e mais o feriado) era uma estratégia dos patrões. “Eles viram que a greve estava ecoando forte e começaram a aterrorizar os trabalhadores. Isso é uma forma de assédio moral que deve ser denunciada ao SINDPD-DF”, lembrou.
A resposta da sociedade - Segundo a CUT Brasília, o Distrito Federal teve a maior adesão da história e mais de 50 categorias participaram da maior greve já realizada na capital federal.
Uma cidade completamente deserta, esse foi o retrato da manhã de sexta (28), no Plano Piloto. Lojas fechadas, ônibus e metrô parados, pistas vazias, prédios desocupados, ruas sem ninguém, foi o panorama do ‘centro do poder’ no início da Greve Geral prevista para durar por 24 horas.
Com a maior adesão de categorias profissionais em toda sua história de mobilização, os trabalhadores do DF conseguiram um marco histórico ao promover a maior greve da capital federal, construída a partir da unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais.
Os diversos setores reconheceram os terríveis prejuízos impostos pelas retrógradas medidas do governo ilegítimo de Michel Temer e cruzaram os braços para barrar o acelerado retrocesso nas conquistas trabalhistas e sociais. “Foi o despertar do conjunto da sociedade frente a tantos ataques”, conta Rodrigo Britto, presidente da CUT Brasília.
A Greve Geral foi construída a partir da resistência contra a reforma trabalhista (PL 6787/2016), aprovada na Câmara Federal na noite de quarta (26) e encaminhada para apreciação no Senado; e em completa oposição à reforma da Previdência, que caminha a passos largos e promete ser votada ainda neste semestre. Ambas as medidas, beneficiam o capital financeiro, agrário e empresarial, e prejudica diretamente os trabalhadores e trabalhadoras.
“Essa foi apenas uma demonstração do que a classe trabalhadora e os movimentos sociais são capazes de fazer para defender a aposentadoria, a legislação trabalhista, as conquistas sociais e todos os direitos que nos querem usurpar”, garante Britto. Para o dirigente CUTista, a unidade consolidada nesta Greve Geral vai continuar. “Os ataques do Congresso Nacional e do golpista Temer não são contra um segmento, mas sim, contra todo o conjunto da sociedade. Por isso, vamos nos manter unidos e alertas para coibir todo roubo de direitos”, completa.
Quanto à divulgação da Greve, a CUT Brasília conta com as redes sociais. “Sabemos que a mídia golpista vai deturpar os fatos, mas, contamos com os canais democráticos da internet para mostrar a verdade da luta popular contra o retrocesso e o roubo de direitos”, finaliza Britto.
Fonte: SINDPD-DF com informações da CUT Brasília
Fotos: Marcelo Lima
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