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25/07/2016 - SINDPD-DF DEBATE SOBRE OS DESAFIOS DO MUNDO SINDICAL

Em mais uma atividade de comemoração aos 30 anos de fundação do SINDPD-DF, aconteceu na última quarta-feira (20/7), no auditório da Central Única dos Trabalhadores (CUT/DF), um excelente debate sobre as medidas de austeridade do governo interino para retirar direitos e garantias da classe trabalhadora e, consequentemente, os desafios do mundo sindical para combater os diversos pacotes de retrocessos.

De acordo com o presidente do SINDPD-DF, Djalma Ferreira, o Caderno de Debates de TI foi programado com muito detalhe para inserir a base no contexto político e esclarecer a atual situação de crise política e econômica do Brasil, que inclusive refletiu nas negociações coletivas de trabalho das empresas públicas e particulares.

O evento foi divido em três paineis, com a participação dos palestrantes Antônio Queiroz, assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Jacy Afonso, secretário de Formação da Fetec-CUT/CN e Carlos Castro, analista de sistemas.

Para despertar o debate, o assessor do DIAP refletiu sobre o déficit de cidadania na cultura política nacional, em virtude da falta de investimentos do governo federal em educação cívica. “Quem não domina esse tema não pode ser considerado cidadão”, enfatizou.

Queiroz também argumenta que o brasileiro deve ser politizado para entender como funcionam as relações de poder em cada sociedade e no mundo em geral, pois quem não gosta de política é liderado por quem gosta e faz política. “A política é a solução dos problemas coletivos e todas as grandes conquistas dos trabalhadores foram consequência de luta política representativa”.

Como exemplo de luta política bem sucedida, o assessor citou a “Primavera Árabe”, nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos foi o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A população sofreu com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos, mas a onda de protestos provocou a queda de quatro governantes na região. 

Segundo Queiroz, o trabalhador de TI também tem o grande desafio de fazer o enfrentamento ao sistema político brasileiro porque as agendas do Congresso Nacional e do governo interino são basicamente pacotes de maldades que atacam os direitos e conquistas trabalhistas e sociais com mais de 60 projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.

Clique AQUI e conheça um a um dos 60 projetos de lei que ameaçam os direitos dos trabalhadores

Um novo mundo é possível

A visão sobre a possiblidade de um novo mundo fez parte do segundo painel, apresentado por Carlos Castro, que também discorreu sobre a preponderância no Brasil da meritocracia imperial e da burocracia de estado. “O mundo que nós temos é o mundo que nós pensamos. Se pensarmos em um mundo em que somos nossos próprios governantes, seremos e esse mundo nos libertará”, afirma.

Para Castro, a revolução na econômica brasileira é inadiável porque a questão fiscal é fraudulenta e a democracia é apenas demagogia política. “Não podemos esperar pelo Estado. O ideal de um novo mundo é que as pessoas solucionem os problemas coletivos”, disse.

O palestrante enfatiza também que nesse novo mundo o trabalho não deve ser sujeito aos rumos do capital das empresas para que o trabalhador tenha o pagamento do salário garantido, inclusive uma garantia do governo, já que o produto resultante da mão-de-obra não fica para sempre no mercado, mas a tecnologia da construção do produto está no próprio empregado. “O negócio das empresas deve ser baseado nas pessoas e não no capital de lucro”.

A palestra de Castro foi baseada em seu artigo “A revolução na economia é inadiável/ Um novo Brasil socialista é possível” onde ele aborda que “nesses mais de 20 anos a situação social mundial regrediu e a estagnação econômica parece se generalizar também nos países líderes do capitalismo, e que isso reflete tão somente a incapacidade política desses países enfrentarem os problemas”.

No Brasil, a crítica de Castro é que estamos com os mesmos dilemas de outros países. Segundo ele, depois de 2003, o governo do PT não experimentou nada novo na economia e isso não pode se estender por mais tempo. “A casa está caindo e a expansão do crédito ao investimento estrangeiro e as exportações parecem ter esgotado o seu potencial e, consequentemente, o crescimento econômico está aquém das nossas necessidades”, ressaltou.

Para finalizar, Castro aborda que há muitas denúncias sobre essa tirania financeira no Brasil, entretanto, os políticos colocam uma pedra no assunto e aplicam tentativas sempre frustradas de administrar a crise. Com isso, o autor defende que “a revolução econômica é inadiável e que atualmente a única solução favorável para colocar o Brasil nos eixos seria a revolução socialista, baseada na libertação do Estado e do trabalhador da escravidão econômica, empoderando ambos de forma equilibrada”. 

Desafios do novo mundo sindical

O último painel, de Jacy Afonso, foi baseado na percepção de mudanças aceleradas do mundo e do indivíduo. “O mundo e o indivíduo aceleraram por causa da tecnologia da informação e da comunicação”, argumentou.

Para Jacy, diante de tantas mudanças, a sociedade está colocando em cheque o movimento sindical. “Como os sindicatos se organizarão nessa nova sociedade? Precisamos reconhecer que estamos com dificuldades no movimento sindical para acompanhar essas mudanças. E isso se deve ao fato de que estamos pendendo para o lado corporativista e nos vendo como corporação e não como classe trabalhadora”, afirmou.

Como uma possível solução, Jacy defende que o movimento sindical deve construir um novo discurso a partir da realidade, precisa falar para corações e mentes, conhecer os sofrimentos e os sonhos e resgatar a esperança de viver em um mundo melhor. “Cabe ao movimento sindical a responsabilidade de organizar e mobilizar os trabalhadores contra qualquer ofensiva que vise flexibilizar e precarizar as relações de trabalho, em nome de avanços, através dos processos de negociação”.

O palestrante também destaca que tanto o diálogo social quanto a conquista do trabalho decente pressupõem atores fortes, em condições de igualdade em um processo de negociação. Segundo Jacy, é nesse contexto que a organização sindical assume um papel central para enfrentar 5 desafios:

O primeiro, é reconstruir a consciência de classe. “O trabalhador precisa se reconhecer como ator no processo social, mas precisa se reconhecer também como sujeito alienado de seus direitos, expropriado da parte que lhe é devida nesse mesmo processo”.

O segundo, o movimento sindical deve construir um novo discurso a partir do conhecimento profundo da realidade da classe trabalhadora. “O sindicato precisa falar para os corações e as mentes dos trabalhadores e trabalhadoras, conhecer seus sofrimentos e seus sonhos e resgatar a esperança de viver em um mundo melhor”.

O terceiro desafio é buscar a unidade. “Precisamos resgatar a solidariedade de classe e ter uma pauta mínima que unifique todos os trabalhadores e trabalhadoras”.

Como quarto, Jacy destacou a luta por políticas públicas. “Precisamos considerar que uma das melhores formas de distribuir renda hoje no Brasil, e em muitos outros países no mundo, é avançar em políticas públicas nas áreas de educação, saúde, habitação, saneamento e proteção social”.

Por fim, o quinto desafio é impedir a flexibilização das relações de trabalho. De acordo com Jacy, a rotatividade e o subemprego nunca foram tão altos com o avanço da terceirização, rebaixa os padrões de remuneração e de direitos da classe trabalhadora. “O Brasil precisa avançar em direção a outro padrão de desenvolvimento que só será alcançado com a valorização do trabalho, o investimento em novas tecnologias e na qualificação profissional e com ampliação dos direitos do trabalhador brasileiro. Cabe ao movimento sindical a responsabilidade de organizar e mobilizar os trabalhadores contra qualquer ofensiva que vise flexibilizar e precarizar as relações de trabalho”.

Clique AQUI e leia a íntegra do artigo de Jacy Afonso sobre os Desafios do movimento sindical. 


Participantes e diretores refletem sobre a atuação do SINDPD-DF e novas perspectivas

Para o secretário-geral do SINDPD-DF, Edson Simões, os debates foram excelentes para fazer refletir nas ações do sindicato, inclusive a possibilidade de ampliar a agenda de formação sindical e política. “Mais reflexões como essas devem acontecer”.

Na opinião de Albenes Souza, diretor de formação política e profissional do SINDPD-DF, o trabalhador precisa ser mais divergente e radical para avançar nas reformas trabalhistas. “O monopólio está aí há mais de 50 anos e como devemos quebrar? Os sindicatos devem adotar posturas práticas e incluir a sociedade no movimento sindical. Acredito que é possível construir um novo mundo, mas temos que iniciar a mudança primeiro em nós”, argumentou.

O participante Gilney Vianna, ex-deputado federal, foi incisivo ao lembrar que a classe trabalhadora necessita acordar, ao se referir sobre a Medida Provisória 680 que trata da possibilidade do negociado se sobrepor ao legislado nos acordos coletivos de trabalho. Segundo Gilney, se essa MP for aprovada será uma contra-revolução para os trabalhadores.

O SINDPD-DF lançou a semente e espera que nos próximos debates mais trabalhadores venham somar para a construção de um movimento sindical que cada vez mais os represente. 

Fotos: Marcelo Lima

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